quinta-feira, 3 de abril de 2014

Assim seja...



A mim, me pareço tua desde sempre
A ti, me parece que pertencem esses meus olhos tristes
Para nós deveriam ter sido feitos todos aqueles dias
de tentação e chuva.

Mas não fui tua e não fostes meu
A despeito da perfeita criação
Andamos por aí, ao redor
sempre perto, tão longe.

Que sob o sol nosso de cada dia
possamos santificar nossas escolhas
que sejam feitas nossas vontades
E que o destino nos perdoe de nós mesmos

Assim seja.

A.Lia

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Intermission...


Convivo comigo como quem dirige um filme
meus olhos são duas lentes
numa busca constante
de estéticas e argumentos.

Com data de estréia marcada,
não tenho trégua, não abro concessões
filmo e re-filmo
numa sucessão desesperada de erros.

Ultimamente, venho dobrando os papéis por falta de elenco
num filme de um único obssessivo cenário
com começo, mas sem meio
numa direção enfadonha e desgovernada.

Talvez seja hora de pausar as lentes
escrever o roteiro
entregar a direção
adiar a estréia.

A.Lia

terça-feira, 1 de abril de 2014

Nossa rua..



Olhando assim, de longe, por fora
somos um casal
Mas de perto, nosso amor é uma rua
e nós, as calçadas.

Nossa vida se encontra de tempos em tempos
sempre que um de nós, por algum motivo, atravessa a rua
Enquanto isso envelhecemos
andando sempre em paralelo.

Talvez nosso destino seja esse
estar em paralelo
vivendo nas entre-safras de nossos encontros
sem colher nada em comum.

Algo em mim
diz que com você estaria em casa
no conforto de um lugar conhecido
na segurança de um amor antigo.

Te desejo com tudo que existe dentro de mim
e me entrego ao teu corpo sem pudores
esperando que numa destas noites
nosso amor se encontre numa rua sem saída.