sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Para uma menina...


Para esta menina
de olhos noturnos
de ritmo acelerado
de grandes conquistas
e sólidos triunfos

Para esta menina
que em minhas memórias sopra
como uma brisa lenta e fresca
mas que de tão distante
embaraça minhas lembranças

Se soubesses menininha linda
quanta falta sinto daqueles dias ensolarados
cheios de mar
em que éramos nada
apenas crianças

Por vezes, ainda ouço nossos sorrisos
rasgando o silêncio da vida madura
desenhando em meu rosto um esboço
tímido e sem jeito
da alegria de antes

Hoje vejo, de longe, tuas vitórias
mas não mais teu riso encantado
talvez não tenhas mais tempo
pois, somente os tolos, com eu, se embriagam de saudades

Mas, esta noite, o silêncio me contou
que os dias da infância são eternos
e apesar da distância que insiste em apagar o passado
ainda vejo em teu rosto de beleza única
a essência daqueles dias de sonhos

Por isso, em mais esta madrugada em que o sono me foge
és minha inspiração para estas linhas tortas
assim como para esta vida louca
que sorrateiramente nos afasta
daquela feliz falta de previsão

Assim, formosa menina dos olhos distantes
não permita, nem em nome das vitórias
nem pelas certezas do futuro
que aquela brisa lenta e fresca de outrora
se transforme em um tufão de conquistas sem lastro e sem passado
levando consigo a poesia dos teus olhos e o encanto do teu sorriso.

A. Lia

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O ombro e o braço...

Quando você se sentou ao meu lado
em meio a tantos assentos vagos
teu braço tocou meu ombro
e permaneceu..
..por ora estávamos colados
fixos na impressão de que sempre estivémos alí..
A temperatura da tua pele me confortou
e no calor do desconhecido fechei os olhos..

Chegada a tua parada,
num impulso egoísta de tuas pernas
teu corpo se pôs em pé
e meu ombro deu adeus ao teu braço..

Veja você, como é a vida:
os desavisados cultuam deveras o olhar no ato de amar
entretanto, curiosamente, não saberei te reconhecer pelas ruas
pois meus olhos não conhecem os teus..
mas meu ombro, todo pomposo de sua autonomia
guardará em sua memória apartada, aquela tarde de amor.
A.Lia

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Se...

Ah .. minha amiga
porque escolheste brotar em solo tão inóspito?
escolheste tu, a solidão?
ou tua semente fora deixada pelos pássaros descuidados?
dize-me, o que sentes nestes dias em que o sol dorme
e o mar revolto lança sobre ti fúria e frustração?
Que destino dás aos teus desejos,
quando por dias e dias
restas sem nem mesmo um passarinho, piedoso de tua solidão
a pousar em teus galhos numerosos?
Ah, minha amiga,
se estes tolos voadores soubessem
quanto abrigo tens a oferecer
quanto alimento e repouso podes ofertar
quão segura e hospedeira é a tua companhia,
eles voariam por sobre o mar

até o sol, a suplicar que ele se fizesse logo primavera
e não deixasse nenhum dia de brilhar em tua copa
para que eles pudessem habitar-te por toda a estação
e tu serias alegre e verde...
e quando o inverno cinza chegasse,
levando com ele tuas folhas,
descançarias feliz,
na memória daqueles dias ensolarados.

A.Lia

A máscara...

Nasci sem sorriso
e triste por não saber sorrir
desenhei num pedacinho de papel, uma máscara
para que ninguém mais me chamasse de "olhos tristes"

Carrego comigo a máscara do sorriso
como um guarda-chuva ou uma sombrinha
dependendo do tempo...
e embora por muitas vezes ela me pese
mais até do que a própria derrota
tenho insistido em sua companhia

É curioso, mas, ultimamente tenho notado
que mesmo sem minha máscara
esboço, de vez em quando,
um sorriso
pela metade
porque sorrir é um enorme fardo para quem nasceu sem esta habilidade
como se a gravidade agisse também sobre o riso

Mas, pouco a pouco, estou aprendendo
que apesar do esforço
sorrir é digno
e ser gentil com a dor, alivia

Assim, dia-a-dia, vou usando minha máscara pelo caminho
na certeza de que um dia ela será parte de mim
e do meu rosto brotará um sorriso
inteiro
sincero e constante.

A.Lia

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Sombra e água fresca...


Não me reconheci o dia todo
existi fora de mim
expulsa do meu próprio corpo
cansado..

Tenho me esforçado muito nos últimos tempos
algo dentro de mim cumpre uma jornada de 24 horas ininterruptas
caminhando por areias escaldantes
em busca de mim mesma

Meu corpo, abusado, busca a sombra
e minha mente, água fresca
tenho sido escrava de minha alma
e agora preciso descançar
..vou em busca de abrigo..
preciso apenas de um mar
do barulho das ondas
do universo caminhando independente dos meus esforços
da vida plena
simples
divina.


A.Lia

sábado, 28 de novembro de 2009

O balão vermelho...


Já ao longe
vejo o balãozinho vermelho
dançando ao sabor do vento
todo pomposo
subindo e subindo

Pode ir balãozinho
não posso mais deter-te no calor seguro de minha mão
teu fio me escapa aos dedos
levado pela força sedutora do vento
que alisa tua pele corada
e te embala com volúpia

Mas te conto uma novidade balãozinho
não tenho mais medo, pois,
guardo comigo um segredo:
o ar que te coloca no colo do vento
é o sopro dos meus desejos mais profundos...
E assim amiguinho
quando te romperes
já cansado de tantos perigos e delícias
minha alma se espalhará ao vento
livre
leve
vermelha.


A.Lia

Meu rosto...


Meu rosto expressa a ausência
não sou nada
não tenho convicções, inspirações
certezas..
tudo me chega lenta
mente
com suores...
Meus passos são dobrados
como se precisasse de dois para cada passada
Tenho estado vazia, não de interesses
de vontades apenas...
As pessoas flutuam por mim como balões cinzentos
Mas, por vezes,
como por milagre
vejo um balãozinho vermelho...
e a ausência dá lugar a um certo rubor, ainda tímido
como um pequeno tremor de terra anunciando a erupção
Mas a distância logo se faz
e fico...contemplando...
o balãozinho vermelho.
A.Lia

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Retorno...


Volto a mim
Tenho uma morada silenciosa
um porto inseguro
que de tempos em tempos revisito
de mãos vazias
de fronte úmida
...
nenhuma fanfarra na entrada de mim
ninguém no portão
nenhuma luz acesa
apenas um excesso
de espaço
...
no vazio um certo alívio me saúda ao chegar
hospitaleiro, cativante, conhecido
Ah! amigo traiçoeiro
faz-te sempre acompanhar daquela que me devora o sono
como um abutre a bicar-me os olhos
...
na escuridão do regresso
a solidão crava as unhas em meu peito e arranca fora meu coração
levantando-o como um troféu de sangue
um prêmio pela vitória paciente
...
abandono meu corpo frio quase imóvel
ao apetite desta fiel companheira
e permaneço com o pensamento fixo
certo de sua crueldade
...
mas, ai Natureza!
para meu torpor, em algum momento
percebo que minha algoz, generosa
vai pouco a pouco
me devolvendo a mim
como a mãe que expulsa o feto do conforto do ventre
mas dá-lhe a vida
...
sinto assim
um soprar fresco
que dia a dia preenche o espaço vazio
preparando-me para uma nova viagem.
A.Lia

domingo, 11 de outubro de 2009

Amar...

Aos amantes deveria ser concedida a consciência
da dimensão da beleza
da raridade do encontro
pois a vida é feita de desencontros
Alguns poucos passam a vida amando
outros tantos passam passando
O amor não segue um caminho
não tem lógica
não tem métrica
nem ritmo
é um mistério absoluto
um milagre concedido aos corajosos e desprendidos
É isso,
talvez a coragem seja o atributo necessário aos amantes
e o desprendimento a chama que serve de guia
De qualquer forma
amem amantes!
amem pela beleza,
pelo privilégio,
por nós
que passamos apenas
por toda a vida..



A.Lia




sábado, 10 de outubro de 2009

Riso...


Eu rio
mas não um riso escancarado
um riso contido
tímido
de poucos dentes
Eu queria nascer com riso fácil
farto como os seios das mulheres de coragem
Eu invejo aqueles de choro contente
em que a tristeza do riso não tem morada
pois o riso triste não é ponta de lança afiada
é veneno lento e doce
que nasce com os de pouca razão.

A.Lia




cansaço...



Meu peito está oco
um vazio tão vazio
uma escuridão tão escura
uma massa de ar fria vai se expandindo por entre os espaços apertados
do meu corpo
meu estômago
entre minhas costelas
entre o coração e o pulmão
entre os ossos e a pele
um misto de revolta
de conforto
de dor
de solidão
um silêncio gelado toma conta do meu corpo
e o véu dos incrédulos começa a descer pelos meus olhos
envolvendo minh'alma cansada.


A.Lia

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Vôo cego...

Se eu pudesse comprar um bilhete com meu próprio destino
compraria um com hora de embarque,
com assento marcado
mas meu vôo é cego... de desejo.

A.Lia

Vão-se os valentes...

O que terá acontecido à geração dos valentes?
Por onde andam os heróis de guerra?
A era dos homens fortes desapareceu
e na ausência restaram meninos frágeis
que se escondem da lida em trincheiras
doces, refugiam-se em sua sensibilidade excessiva
cheios de dores e de amores
por vezes chorosos e dependentes..
Onde está a geração dos que sabiam
ou fingiam que sabiam
e de tanto fingir
acabavam sabendo..
Onde estão os que eram da linha de frente
os que iam seguros e adiante
aqueles de tiro certeiro
de palavras poucas
de ações muitas
sisudos
fechados
mas de coração grande e generoso
Ah... o que terá acontecido aos homens de caça?
estrategistas, astutos, confiantes e habilidosos
donos do seu destino..
Estes homens se foram
caíram de moda..
e eu... eu espero ter partido quando as mulheres realmente dominarem o mundo
e aniquilarem de vez o que de mais belo um dia existiu nos homens:
a valentia, a coragem, a iniciativa
e a força genuína e instintiva do olhar.


A.Lia
***A foto acima é de Harry Patch, o último veterano da Primeira Guerra Mundial a ter lutado nas trincheiras, falecido aos 111 anos no útimo dia 25 de julho.

Oração do artista...


Senhor, eu quero ter os olhos do sol
quero ser uma explosão lancinante
quero meu sangue um rio de lava
e meu corpo uma pequena ilha em formação
em brasa
sem pele
Que dos meus olhos desçam tormentas
derramando-se pelos poros abertos
dos meus cabelos exale o perfume dos desejos proibidos
e da minha boca cuspam-se faíscas
Ah meu Deus! Livre minha alma de ser morna
Mas me faça sempre generosa
escorrendo de minhas entranhas o bálsamo cicatrizante das feridas purgadas
e de minhas palavras um hálito esperançoso
Que dos meus pés, Senhor, caminhem raízes em busca de alimento
e minhas mãos iluminem o caminho dos que buscam
dos loucos de coração
dos valentes
Amém.
A.Lia

domingo, 20 de setembro de 2009

Promessa..

eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo...eu prometo... começar o regime na segunda e SÓ TERMINAR NA SEXTA!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

?...


O que dizer quando as palavras não fazem sentido?
Para onde andar quando os pés estão pregados no chão?
Como sonhar se o sono não vem?
Para onde apontar se minhas mãos estão coladas ao rosto?
Meus olhos nada querem ver a não ser a beleza dura e fria das certezas
Meu coração se recusa a sentir, exceto aquilo que lhe conforta
Mas minha alma anseia
e meu corpo sofre de desejo
e nesta ânsia de desespero
meu peito vomita um pedido mudo de ajuda
mas o ouvem apenas meus ouvidos trancados
E aí, no limite da dor e por alguns instantes,
minha boca rasga o silêncio num urro subversivo
lançando longe tudo aquilo que se esconde por detrás da dúvida
da covardia
da solidão
Sei que em algum ponto desta imensidão
meu grito ecoa
e lá naquele recôndito, bem alí
estará o sono para meus sonhos
o conforto para meu peito
o sentido para minhas palavras
e o eco da minha alma.
A.Lia

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Madrugada...


Nessas madrugadas em que o sono tarda
o silêncio seria meu mais fiel inimigo, não foste tu...
Ouço-te, curiosa de tua cor
de tuas formas
de tuas intenções..
Inicias teus lamentos por volta das três
seguindo por um bom tempo
No início penso estares em minha janela
Mas ao longo de tua rotina
percebo que te afastas de mim
ocasião em que carece esforçar-me para ouvir-te
Ah.. doce trovador
diz-me de que tratam teus acordes
és meu companheiro na solidão da noite?
Por vezes, imagino-te ao pé de um galho
com tua penugem fria e orvalhada
evocando tua amada
tecendo versos desesperados
anunciando aos poetas tuas dores e teu desamor
Por vezes imagino-te celebrando tuas dádivas
deitando nos ouvidos da escuridão as tuas juras de amor
Ah.. amigo oculto
espalha em cada gota de orvalho
tua esperança
tua beleza
e me ensina a celebrar a vida
pois meu canto é triste
e minha existência incompleta.
A.Lia

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Éphémère...


Como funciona esta vida?
Ontem as orquídeas da minha área de serviço estavam lindas
não sei quanto tempo se passou
e hoje estão murchas
nem tive tempo de transferí-las para um vaso mais formoso
onde pudesse contemplá-las com mais vagar
rapidamente a beleza se esvaiu
numa velocidade muito acima daquela experimentada pelas minhas aflições
eu quero ter a rapidez da beleza
mas me dou conta de que sou a própria orquídea
de gestação lenta
de beleza efêmera
frágil
de morte certa
de ritmo próprio
sorrindo ao sol.
A.Lia

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Fé...

Sinto que vivo errada
na contramão das sensações
que passam através de mim
usando meu corpo e minha mente
Vivo reclusa num abrir e fechar de possibilidades
que variam do amor ao ódio
da esperança ao desespero...
eu não tenho fé.

Se eu pedisse ao nascer
pediria fé
fé na vida
fé nos outros
f'é em meus pés
em minhas mãos
em meus sentimentos
em meus desejos
em meus amores
queria caminhar firme e otimista...
mas me falta fé.

Às vezes corre pelas minhas veias
uma sensação de poder
que logo logo se enfraquece
dividindo-se pelos caminhos do meu corpo
dissolvendo-se
virando nada
e volto ao meu estado vazio
de incertezas, de dúvidas
sou pessimista
lenta
precipitada
sou vazia de interesses
sou oca de entusiasmo, então,
saio de mim
me abandono na mais pura descrença
cansando-me, largo-me às favas
e sozinha, reinicio o ciclo de poder
acreditando que posso tudo....
mas me falta fé.

A.Lia

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Bagagem...


Algo de antigo aprisiona minha alma
um medo infantil do amanhã.. uma convenção estúpida
uma bagagem falsa
que admitindo-se verdadeira, estaria em mim por repetição...
carrego em meu ombro um peso morto que fere meus desejos mais sinceros
A realidade que o medo me enfia goela abaixo não é minha
as regras não são minhas, as escolhas não são minhas
vivo alheia a mim mesma e pela metade
Peço-me agora a coragem de romper com aquilo que não sou eu
e tomar as rédias do meu pensamento oscilante
medroso
Nao, minha alma
a ti não pertence esta sina
a ti está reservada a liberdade dos espíritos puros
Passo neste momento a traçar o meu próprio destino
com a cor que me aprouver,
as consequências serão das minhas próprias ações
não beijarei a velhice com o peso do outro
quero meus próprios fracassos
meus próprios sucessos
vem amor, vem medo, vem fortuna
quero receber-vos de peito aberto
e não me enterrarei antes da morte
aliás, nem aí estarei sob jugo
ao contrário, serei ainda mais livre
mas levarei comigo apenas a minha bagagem
por direito e por dever
Me liberto hoje
desta herança morta.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Guerra...

Estou preenchida por um vazio cheio
como uma fresta de luz que invade um quarto escuro
meu peito está cheio de planos
meus sonhos cintilam na nesga iluminada
meu sangue dança acelerado
enchendo meus minutos de ritmo e de saudade
caminho confiante nesta faixa cintilante
e me lanço num fluxo de possibilidades

Uma outra parte do meu peito resta na escuridão
onde a luz não alcança
onde os sonhos escapam
onde o sangue ferve de pavor...
Mas não serei covarde
serei heroína da minha história
se tiver de cair
que seja em batalha
e não na trincheira
uma vez ferida, que seja no peito aberto
Vem vida
eu aceito a guerra
e vou festejar vitória em campo...
e de posse das minhas próprias armas
vou declarar paz a mim mesma.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Minha vida contigo será única
as primeiras horas do dia, sonolentas
as noites de pensamentos, por vezes solitários
(a solidão tem cadeira cativa em minha alma)
Seremos confidentes de nossos desejos
e os mais proibidos realizaremos juntos..
Te contarei histórias
vou chorar e sorrir ao mesmo tempo
pois sou indecisa
teremos uma canção
faremos amigos pela vida
Iremos à Roma como você prometeu,
dormiremos ao relento e terei febre
febre de gente grande
(meu corpinho se ressente em outro país)
será assim também quando formos à NY no Natal
pois eu adoro NY no Natal
passarei um dia de cama e à noite
iremos tomar Hong Kong Style Hot & Sour Soup
no Joe`s Shangai
e depois andaremos pelo frio olhando árvores de Natal
e de repente você dirá:
"ei.....vamos dormir mocinha.."
me colocarás dentro do teu casaco
e assim caminharemos de volta ao hotel
onde passaremos a noite entrelaçados...
Não viajaremos muito meu amor, porque temos medo de avião
vale dizer também que não somos ricos
pois fazemos muito amor até mais tarde
o que nos impede de acumular fortuna
...por falar em amor, amor faremos pela manhã ou pela tarde
ou nem pela tarde
nem pela manhã
mas por nós mesmos
ou pela extensão de nós
sim, meu amor, teremos um filho
com cachinhos na cabeça
andaremos com ele de mãos dadas, fazendo balancinho
e ele dormirá apenas uma noite da semana entre nós
pois em todas as outras seremos eu e você
inconsequentes
escandalosos
lascivos
livres
Ah! quanta felicidade o destino nos reserva
vem destino...
bate logo à minha porta
escancarada
àvida por teus desígnios
pois há muito que te espero.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

eu te proponho
n? nos amarmos
nos entregarmos
neste momento
tudo lá fora
deixar ficar

eu te proponho
te dar meu corpo
depois do amor
o meu conforto
e além de tudo
depois de tudo
te dar a minha paz

eu te proponho
na madrugada
você cansada
te dar meu braço
no meu abraço
fazer voce dormir

eu te proponho
nao dizer nada
seguirmos juntos na mesma estrada
que continua
depois do amor
no amanhecer
...Roberto e Erasmo

Z..

Acordei assustada
com o peso de um Z
em meu peito..
depois....
.....dormi de novo
....pena que não foi em teus braços..

Fome..


Este aí em cima
é o meu amor com fome..
calma minha vida...
farei muitas comidinhas para ti
canjinhas de galinha
bolinhos de chuva
sonhos de creme
pudim de leite condensado
sopa de letrinhas
assim...
assados...
cozidos...
e fritos
... e claro... amor farei contigo.... muito amor.
A.Lia

Aos meus olhos...



meu amor tem olhos distantes
um sorriso quente
uma boca macia
uma mão firme


meu amor é um gigante de interesses
um homem cheio de força
de defeitos
de coragem
de desejos


meu amor tem luz nos cabelos
é um menino frágil
impaciente
com muitas vontades, mimos
e cantigas de ninar


meu amor conversa com minha alma
brinca em meu corpo
possui meus pensamentos
realiza meus sonhos de menina
e meus desejos de mulher.

A.Lia

terça-feira, 25 de agosto de 2009


Se me disseres que é assim que precisas de mim
Se me disseres que me tens como um porto
Se me disseres que, como um vampiro, te alimentas do meu sangue
Se me disseres que te perfumas em meus cabelos
Se me disseres que em meus olhos enxergas o mundo
Se me disseres que eu meu peito buscas sentido
em minha boca consolo
em meu corpo prazer
e em minha lógica, lucidez
Serei tua .... inteira.
A.Lia

O rapto de Proserpina - Lorenzo Bernini























Um dia, sozinha na Galeria Borghese, vi estes corpos brancos..
Ignorante da tua existência, meu fascínio foi apenas pela beleza do mármore
Hoje, só hoje, entendo o desespero nas mãos de Plutão ao raptar Proserpina.
Este é o retrato do teu desejo em minha carne
da minha pele por entre teus dedos.
Faço-te um pedido: irás a Roma comigo e lá poderei pedir perdão a Plutão por tê-lo julgado tão mal na primeira visita
e em frente a esta cena congelada nos séculos,
jurar-te-ei amor eterno e irei contigo até o fim.

A.Lia

domingo, 23 de agosto de 2009

Simples..




eu respiro
eu como
eu bebo
eu te amo
assim é..

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Adágio...


Travo uma luta com meu corpo que não se rende na madrugada, onde o tempo é soberano, correndo pelos ponteiros do relógio. Pobre corpo lúcido, de memória implacável, vaga na noite buscando o eco da melodia que misturou nossas coxas e embalou nossas bocas. Um adágio conduziu nossos olhos e meu ventre se largou delicadamente sobre o teu, enquanto um allegro vivace ritmava nossos corações, ávidos pelo gran finale daquele ballet precioso, preciso e constante, onde o tempo cruel não tem força. Vai tempo invejoso, só te resta observar ao longe nossa dança e atormentar=me na solidão da madrugada onde reinas absoluto, deslizando noite adentro.


A.Lia

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Entranhas..

Na dor da distância que nos separa
um dia me disseste: moro longe...
ah... meu amor, quanto te enganas..
é aqui, em minha volúpia que matas tua fome
tua sede, em meus seios
em meu sorriso encontras abrigo
e em minhas entranhas a tua força..
Meu corpo é tua morada,
dorme meu anjo
na tranquilidade do nosso amor.
A.Lia

Uno


Na minha memória
lateja aquele momento
em que nossos corpos tentaram fundir-se
Atados, fomos gerados de novo,
não somos mais os de antes
Talvez a vida nos separe
na inútil tentativa de se fazer contrária
Tola orgulhosa, lançará mão de nossas fraquezas
Mas no fim, seremos nós
mantidos pela essência daquele momento
em que mal éramos dois.
A.Lia

Mãos..


Se me levares pela mão
salto contigo
num vôo cego e sem destino
Sei que em ti encontrei abrigo,
calas em mim aquilo que não mais reconhecia como meu..
Estou imensa de amor e no peito rasgado,
meu coração bate do lado de fora, exposto ao tempo
Meus olhos estão vendados,
mas minha alma lúcida de desejos
Se me levares pela mão
deitarei nas tuas meu mundo nu
transparente e sem fundo
onde me perco de saudade
me engasgo de euforia
me calo de medo
Me leva pela mão
estou certa
uma certeza única da vida inteira.

terça-feira, 18 de agosto de 2009




silêncio..
que eu quero passar com a minha saudade...

3:16.....

Nessa madrugada
tento apagar tudo que escrevemos nestes três dias
e lembro que quando pequena
ganhei uma borracha

Com o frescor do meu peito
gostava de escrever versos de amor em um pedaço de papel
e depois apagá-los, vendo-os desaparecer,
como névoa

Me fiz presa destes três dias de amor
e às vezes penso como seria bom encontrar minha borracha colorida
e esfregá-la em meu corpo
fazendo-me virgem de você
como fazia com aquele pedaço de papel

Mas perdi minha borracha colorida
nas linhas da minha vida
e nada quer desaparecer como névoa
nada.
A.Lia

2:44....

há algumas horas, teu hálito quente entrou pelo meus ouvidos
teu corpo invadiu o meu
e tua alma passeou com a minha
há algumas horas teus olhos foram meus
tua boca explorou cada centímetro do meu corpo
teu suor entrou pela minha pele
me envenenando de desejo amoroso
há algumas horas, numa tentativa delicada de fazer parar o tempo
tuas mãos apertaram as minhas

mas na hora marcada
tua boca se fechou
tuas mãos se afastaram
e a vida real te carregou de mim
rápida e ofuscante como um cometa

Inutilmente tento rever teu cheiro
teu calor
tuas palavras
mas minha mente impregnada de solidão
só me traz imagens
de tua boca em outra boca
teu corpo em outro corpo
e tua alma de mãos dadas com a realidade
Agora teu sorriso se reflete em outros olhos
que não esses tristes olhos meus
já inundados pela saudade
daquilo que ainda não se fez entre nós
A.Lia

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Calmaria


estou tomada pelo desconhecido
sinto na alma uma calmaria
um prenúncio de não sei o que
que não chega
um eclipse solar permanente
como se o planeta estivesse parado
sem rotação
Parado.


A.Lia



terça-feira, 11 de agosto de 2009

Vênus


Perdi a cabeça

num pacote de bala de goma...

Corre...

Sei que te quero
mas ainda não sei como
As vezes sinto teu cheiro
As vezes ouço teu riso
sinto teu peso
mas não sei por onde andas
Não espere que eu te ache
corre
anseia por mim
segue meu rastro
antes que a onda invejosa varra meu peito
e leve nossos castelos..
A.Lia

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

eu vou te achar

assim como achei a lua em frente ao Coliseo
naquela noite de verão em Roma...
e assim como me sentei naquele banco da praça, admirando a lua..
me sentarei nas tuas carícias
no teu cheiro
na tua saliva
nas tuas sílabas
no teu vagar..
e você irá se demorar em mim
nas minhas ilusões
nas minhas dúvidas
nos meus receios
nos meus mistérios
...
revela-te um gladiador...
cumpre aqui a tua saga e toma-me como tua.
tua..
tua..

A.Lia

...

meus sonhos não estão à venda
não estou negociando com o destino
não abro mão de mim
não arredo pé deste terreno lamacento, grosseiro, mais ou menos solto, cheio de sedimentos carregados pelas águas, numa aluvião de desejos, de dúvidas, de amores.. de poesia.
Nesta encosta única, nesta ferida aberta
a vida segue seu curso...


A.Lia

Solidão...

estou te desvendando...
e quando teus mistérios acabarem
não serei esta fera acuada
não terei um fio apenas de voz
nem esta tristeza doce no olhar
...
enfraquecida pela intimidade
serás mais um móvel
um trono,
onde serei coroada soberana
e tú serás somente desejo
um desejo inesgotável que tenho de desnudar-me
...
talvez não travemos mais nenuma batalha tão sangrenta
nem por tanto tempo
mas estarás aqui
em algum lugar do meu olhar
em alguma memória das minhas madrugadas
calada....
Ah! Solidão, tens cadeira cativa em minh'alma.
A.Lia

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Obrigada..
Obrigada por ter sido
Obrigada por ter dado
o pouco
o muito
o tudo
o nada
o que era possível..
Desculpe-me por não estar no último momento
Desculpe-me pela demora
Desculpe-me pelos atrasos
Pela expectativa frustrada
pelo jogo
pela dor
pela surpresa..
Vocë foi muito especial na minha vida
muito ruim ... muito bom
muito ausente
muito presente
muito necessário
imprescindível
doloroso
cruel
amigo
algoz
frágil
previsível
humano...
A saudade vem
A dor fica
A ausëncia dói
Vai... em paz.
A. Lia
A notícia que chega atrasada

A saudade que chega antes

Lenta... líquida

Os olhares escorrem pela memória

A voz se dissipa no eco mudo da dor

A intimidade escoa veloz pelo ralo do tempo...

A tua morte é uma dor muda que bate no meu peito vazio.
A. Lia

domingo, 1 de fevereiro de 2009

saudade



No meu peito existe uma saudade aberta
daquilo que nao aconteceu..........................

A. Lia