quarta-feira, 11 de junho de 2008

desvio...


talvez não nesta existência,
não desta vez...
inseguros disfarces sem lógica
inexplicáveis fragilidades sem origem
talvez em algum lugar da essência elas façam sentido
em algum lugar nossas diferenças se encaixem
como um relógio que caminha de mãos dadas com o tempo
de acordo com a vida
em paz conosco
talvez em algum momento o medo desvie o caminho
e a ausência adote outra rota
que não cruzarão jamais com os nossos
numa estrada infinita de desejos e realidades
A. Lia

terça-feira, 10 de junho de 2008

Ritmo

serei sempre assim... lenta
vou sempre sentir aos poucos e muito
vou sempre sair anunciada, aos solavancos, despejada..
...
mas e se eu vivesse com o gosto de quem não tem tempo
de dois em dois, atropelando
sorrateira, chegando depois, saindo antes
cega, surda e muda
...
quero acelerar a fita,
quero saltar para fora do tempo
disfarçar a acidez da sílaba..
pintar a parede de dourado.
...
Mas no branco pálido do papel, restam as palavras reclusas
em seu ritmo próprio...
na lentidão cruel da dor.

A.Lia

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Adeus..........

O adeus é uma sensação que se antecipa
que chega sorrateira
é um grito mudo
é um pedido de socorro que não ecoa
é uma corrida sem pernas
é uma ladeira sem fim
um labirinto sem saída
uma garoa fina, constante

uma morte anunciada...
Tranco na mala
todas as sensações,
as corridas,
os gritos,
os pedidos,
as tentativas...
dilacero meu peito e carrego o peso do primeiro passo
lento, arrastado,
frágil
rumo ao desconhecido.

A. Lia

Meu canto...

Oribici amava com ardor
mas o destino derrubou as estrelas do céu
e seu cacique casou-se com outra índia
Do choro de Oribici pelas montanhas e montes
formaram-se córregos e fontes...
e diante da dor, Oribici pediu a Tupã um corpo de pássaro
asas inimigas da distância...
E fez-se o canto da mata, único, de dor e de contentamento!
Uirapuru que vôa triste,
um corpo sem formosura
testemunha próxima da felicidade alheia escancarada
Leva ò dor, para longe, a alegria roubada
Vôa canção do amor e serve de guia aos amantes solitários
que escutam, em silêncio, o fervor desta melodia triste.